No livro do Apocalipse está escrito que uma multidão incontável de almas será redimida no Juízo Final (Apo 7,2). Toda pessoa que está no Céu é santa e, assim, há muitos santos anônimos. Porém, entre essas almas que alcançaram a glória, há aqueles que praticaram as virtudes cristãs de forma heroica, e por isso, durante sua vida e após a morte, são aclamados como santos pelo povo. Esses são fortes candidatos a serem canonizados pela Igreja, ou seja, inscritos no cânon, a lista de santos reconhecidos.
A canonização é o reconhecimento oficial da Igreja de que um determinado cristão está na glória dos Céus. Assim, é elevado à honra dos altares e poderá servir de exemplo para todos os fiéis. A vida do santo não é isenta de pecados (vide na Bíblia as falhas de Moisés, de São Pedro, de São Tomé etc.), porém, a sua amizade com Deus é tão profunda que se torna evidente para muitos.
“Virtude heroica não quer dizer que o santo seja uma espécie de ‘atleta’ da santidade, que consegue fazer coisas que pessoas normais não conseguiriam fazer. Quer dizer, em vez disso, que na vida de um homem se revela a presença de Deus, e se torna mais patente tudo aquilo que o homem não é capaz de fazer por si mesmo (…). Virtude heroica não significa propriamente que alguém faz coisas grandes por suas forças pessoais, mas que na sua vida aparecem realidades que não foi ele quem fez, porque ele só esteve disponível para deixar que Deus atuasse.”
- Cardeal Ratzinger. “L’Osservatore Romano” (
06/10/2002)
Quando uma pessoa santa falece com fama de santidade entre uma parcela considerável de fiéis, esses podem solicitar que a Igreja canonize o falecido. Na Igreja primitiva, para que uma pessoa falecida fosse reconhecida como santa, bastava que o povo católico o aclamasse santo, contando com o apoio do bispo. E, pela Tradição oral, a crença na santidade daquela pessoa ia passando de geração em geração.
Com o imenso crescimento do número de fiéis, a Igreja viu a necessidade de estabelecer um processo formal antes de permitir que uma pessoa fosse cultuada como santa pelos católicos de todo o mundo. No andamento da causa de canonização, a vida do candidato a santo é cuidadosamente investigada. Muito resumidamente, esse é o fluxo do processo:
Beato é aquele que é bem-aventurado, ou seja, que alcançou uma boa ventura; em outras palavras, é alguém que se deu bem. Para a beatificação, que não possui caráter de infalibilidade, a Igreja exige que se comprove que uma pessoa recebeu uma cura milagrosa depois de pedir a intercessão do Venerável. Tal cura deve, necessariamente, ter sido analisada por médicos e cientistas (inclusive ateus e membros de outras crenças), sendo considerada como inexplicável à luz da Ciência. Os fiéis da igreja local poderão, a partir de então, prestar homenagens públicas (culto) ao beato.
Já para a canonização, que é infalível e definitiva, é preciso que um segundo milagre seja comprovado. Os católicos de todo o mundo serão autorizados, daí em diante, a prestar homenagens públicas (culto) ao santo.
Em alguns casos raros, o Papa pode decidir dispensar a comprovação dos milagres para decretar a beatificação e a canonização de uma pessoa. Esse foi o caso de São José de Anchieta, que foi canonizado com base na sua fama de santidade e nos relatos históricos de suas virtudes e milagres realizados em vida.
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